os últimos anos, medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro passaram a ocupar um espaço central nas discussões sobre obesidade, controle do diabetes tipo 2 e comportamento alimentar. Inicialmente desenvolvidos para o tratamento metabólico, esses fármacos ganharam notoriedade pelos efeitos significativos na redução do apetite e do peso corporal, despertando também interesse em áreas como a psicologia e a psiquiatria.
Este artigo tem como objetivo explicar como esses medicamentos funcionam, para quem são indicados, quais são seus impactos no organismo e no comportamento alimentar, além de discutir limites, riscos e a importância do acompanhamento profissional.
O Ozempic e o Wegovy têm como princípio ativo a semaglutida, um análogo do hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1). Já o Mounjaro contém tirzepatida, uma substância que atua de forma dupla, estimulando tanto os receptores de GLP-1 quanto os de GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose).
Esses hormônios são naturalmente produzidos pelo intestino e desempenham um papel essencial na regulação da glicose, da saciedade e da ingestão alimentar. Ao mimetizar essa ação hormonal, os medicamentos passam a interferir diretamente nos mecanismos fisiológicos que controlam fome, saciedade e metabolismo.
A ação desses fármacos é multifatorial e envolve diferentes sistemas do corpo. Entre os principais mecanismos, destacam-se:
Esses efeitos explicam por que esses medicamentos são eficazes tanto no tratamento do diabetes tipo 2 quanto no manejo da obesidade.
Do ponto de vista médico, esses medicamentos são indicados principalmente para:
O uso com finalidade estética ou sem acompanhamento profissional não é recomendado, uma vez que envolve riscos e pode mascarar questões mais profundas relacionadas ao comportamento alimentar.
Um dos aspectos que mais chama atenção nesses medicamentos é sua influência direta no comportamento alimentar. Muitos pacientes relatam:
Esses efeitos levantaram hipóteses sobre o possível uso dessas medicações em casos de Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA). No entanto, é fundamental destacar que a compulsão alimentar não é apenas uma questão fisiológica. Ela envolve fatores emocionais, cognitivos e relacionais complexos.
Embora os medicamentos possam ajudar a reduzir impulsos alimentares, eles não tratam as causas psicológicas subjacentes do transtorno. Por isso, seu uso isolado não substitui intervenções psicoterapêuticas.
Apesar dos benefícios, o uso desses medicamentos pode estar associado a efeitos adversos, especialmente no início do tratamento ou quando não há ajuste adequado de dose. Entre os mais comuns estão:
Em casos menos frequentes, podem ocorrer complicações como hipoglicemia (principalmente quando associados a outros antidiabéticos), alterações na vesícula biliar, pancreatite e sobrecarga renal.
Esses riscos reforçam a necessidade de avaliação individualizada, prescrição médica criteriosa e acompanhamento contínuo.
O tratamento da obesidade, do diabetes e dos transtornos alimentares exige uma abordagem integrada. O uso de medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro deve fazer parte de um plano terapêutico que inclua:
Sem esse suporte, há maior risco de efeitos rebote, abandono do tratamento ou manutenção de padrões alimentares prejudiciais.
Ozempic, Wegovy e Mounjaro representam avanços importantes no tratamento de condições metabólicas e no manejo do peso corporal. Seus efeitos vão além da simples perda de peso, influenciando também aspectos do comportamento alimentar e da regulação do apetite.
No entanto, é essencial compreender que nenhum medicamento, isoladamente, resolve questões complexas relacionadas à alimentação e ao corpo. O cuidado deve ser sempre individualizado, ético e baseado em uma visão ampla da saúde física e mental.
A integração entre medicina, nutrição e psicologia continua sendo o caminho mais seguro e eficaz para resultados sustentáveis e para a promoção de saúde a longo prazo.
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